terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PROSTITUIÇÃO DA IMPRENSA


Dois dias separaram a morte do Coronel Vítor Alves e de Carlos Castro.
Estes homens nada tinham em comum para além do facto de serem ambos cidadãos portugueses.
Vítor Alves faleceu em 9 de Janeiro passado após doença prolongada.
Carlos Castro foi barbaramente assassinado no dia 7 do mesmo mês.
O militar foi figura destacada no Movimento das Forças Armadas que libertou os portugueses do regime ditatorial e participou activamente na consolidação da democracia, quer na esfera castrense, quer a nível governativo e até como cidadão.
Carlos Castro foi essencialmente cronista social, vendendo o seu trabalho a revistas cor de rosa, que apenas alimentam mentes fúteis com "fofocas" desinteressantes.
Mas, pasme-se! Não é que a imprensa dedicou rios de tinta e palavreado enfadonho à morte e cerimónia fúnebre de Carlos Castro, enquanto o falecimento do Coronel Vítor Alves mereceu tratamento jornalístico quase insignificante?
Esta desproporção foi, no mínimo, chocante. Mas foi esclarecedora.
A figura pública menor, o cronista, fazia vender jornais e gerava audiências na TV. O falecimento do Coronel Vítor Alves só interessaria a uma faixa de população menos emotiva, mas melhor informada, que não inclui a "fofoquice" no seu cardápio de interesses.
Esta discrepância no tratamento de duas notícias, uma relativamente a um autor de peças jornalísticas vazias de conteúdo e outra referente a uma personalidade a quem o país muito ficou a dever, revela no mínimo que a imprensa também se prostitui.

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