domingo, 30 de janeiro de 2011

PENINHA - espectáculo deslumbrante

Apesar dos termómetros registarem uma temperatura de apenas 5º, nesta manhã de domingo, compareceram junto ao Convento dos Capuchos 50 pernas dispostas a aquecer, numa caminhada que se estenderia ao longo de aproximadamente 10 kms.A vontade de caminhar era evidentee embora os raios solares nem sempre conseguissem romper a densidade do arvoredo,o azul marinho do oceano surgia esporadicamente em espaços mais abertos.Algumas passagens estreitas aditivadas com obstáculos naturais iam sendo ultrapassadasem alternância com amplas clareiras.Depois de passarmos por uma zona de quintinhas privilegiadamente situadas na zona serrana sobreposta à aldeia do Penedo,cruzámo-nos na estrada com um pelotão de atletas que competiam numa prova de atletismo que, em evidente esforço, tentavam ligar a vila de Sintra ao Cabo da Roca.Quase com o palácio da Peninha à vista,várias pedras gigantescas chegam a impressionar pelas suas dimensõese, lá no alto da Peninha, o grupo aproveitou para realizar a habitual paragem técnica,enquanto apreciava a deslumbrante paisagem que se estende para além do areal do Guincho e do cabo Raso.Descendo em direcção à ermida de S. Saturnino, cuja construção remonta à fundação de Portugal,o grupo reiniciou a marcha de regresso,passando pelo local que homenageia as 25 vítimas mortais do incêndio que devastou parte da serra de Sintra, corria o ano de 1966.Num ápice estávamos de novo junto ao Convento dos Capuchos, concluindo um passeio muito agradável temperado por um salutar convívio que muito prezamos.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

OUTRA GENTE, OUTROS TEMPOS


Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos.
O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o.
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Formou-se em Direito.
Foi advogado, professor, escritor, político e deputado.
Foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Foi Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa.
Com 71 anos foi eleito Presidente da República.
Disse na tomada de posse: "Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este.
Pagou a renda da residência oficial e todo mobiliário do seu bolso.
Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado.
Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso.
Este SENHOR era Manuel de Arriaga e foi o primeiro Presidente da República Portuguesa.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

LUSÍADAS (versão séc.XXI)


I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas...
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
Falam da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano...
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!


(Fonte: mail de C. Teixeira)Como é óbvio, o Pai do Bicho não pretendeu denegrir a grandiosa obra de Luís Vaz de Camões e espera que este escrito não o inquiete ao ponto de ficar a dar voltas no interior do túmulo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

PROVA DE SUPERAÇÃO DO FRIO

Domingo acordou frio, mesmo gélido. Mas nada melhor para superar a baixa temperatura que a realização duma caminhada.Correspondeu a este desafio um grupo de 21 valentes caminheiros que se propuseram participar num passeio iniciado em Colares pelas 9h30 e terminado no mesmo local, com passagem pela Praia da Adraga.Partimos em direcção à estrada do Rodízio através dum caminho de bom piso,com vista para vistosas e viçosas hortas que caracterizam a região saloia.Depois de atravessarmos uma zona mais arborizada,avistámos, escondida entre as falésias, a Praia da Adraga.No extremo sul desta praia existe uma profunda gruta cavada pela acção erosiva do mar sobre uma falha que corta as formações calcárias da falésia.Devido ao forte vento que soprava, os caminheiros sentiam a areia no rosto como se fossem picadelas de agulhas. Por isso, abrigaram-se à entrada da gruta para comer a habitual "bucha".A caminhada prosseguiu com o ataque a uma subida com piso de areiae para ultrapassar um obstáculo que se atravessou no caminho, não faltou uma "mão amiga".Atravessámos Almoçageme e entrámos de novo na mata.Aqui, houve quem aproveitasse para satisfazer necessidades fisiológicas e por isso se atrasasse.Enquanto ao longe o palácio da Pena parecia seguir os nossos passos,a Zé não resistiu a subtrair alguns frutos de um limoeiro que se encontrava junto à estrada. Que vergonha Zé!...Cumpridos quase 9 kms. expostos a uma temperatura muito baixa, os caminheiros deram por findo mais um agradável passeio e exteriorizando felicidade pelo salutar convívio matinal, ainda se submeteram aos caprichos do repórter pousando para a habitual "foto de família".O grupo está de parabéns porque não receou o frio e superou-o.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

CAVACO SILVA, o BPN e as ELEIÇÕES


Esta imagem traz à memória do Pai do Bicho acontecimentos recentes que foram tratados até à exaustão pela comunicação social.
Não será preciso ter muita imaginação para relacionar esta caricatura com os milhões que foram subtraídos aos portugueses para pagar os danos causados ao BPN por alguns gestores que, alegadamente, terão enriquecido ilicitamente.
Esses gestores pertencem ao circulo de amigos do actual Presidente da República, Cavaco Silva.
Segundo a imprensa, Aníbal Cavaco Silva terá concretizado com estes seus amigos alguns negócios no mínimo duvidosos, como são os casos das mais valias desproporcionadas que realizou com acções da SLN e a aquisição de uma moradia no Algarve, com algumas irregularidades nos registos e no âmbito fiscal.
Diz o povo: "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és", e este tipo de adágios populares raramente se enganam.
Se não querem ser enganados, quando no próximo domingo exercerem o vosso direito de voto lembrem-se de "Cavaco e seus muchachos" e votem em conformidade.


PS - O Pai do Bicho não é, não quer, nem tem que ser isento, até porque "quem não se sente não é filho de boa gente".

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PROSTITUIÇÃO DA IMPRENSA


Dois dias separaram a morte do Coronel Vítor Alves e de Carlos Castro.
Estes homens nada tinham em comum para além do facto de serem ambos cidadãos portugueses.
Vítor Alves faleceu em 9 de Janeiro passado após doença prolongada.
Carlos Castro foi barbaramente assassinado no dia 7 do mesmo mês.
O militar foi figura destacada no Movimento das Forças Armadas que libertou os portugueses do regime ditatorial e participou activamente na consolidação da democracia, quer na esfera castrense, quer a nível governativo e até como cidadão.
Carlos Castro foi essencialmente cronista social, vendendo o seu trabalho a revistas cor de rosa, que apenas alimentam mentes fúteis com "fofocas" desinteressantes.
Mas, pasme-se! Não é que a imprensa dedicou rios de tinta e palavreado enfadonho à morte e cerimónia fúnebre de Carlos Castro, enquanto o falecimento do Coronel Vítor Alves mereceu tratamento jornalístico quase insignificante?
Esta desproporção foi, no mínimo, chocante. Mas foi esclarecedora.
A figura pública menor, o cronista, fazia vender jornais e gerava audiências na TV. O falecimento do Coronel Vítor Alves só interessaria a uma faixa de população menos emotiva, mas melhor informada, que não inclui a "fofoquice" no seu cardápio de interesses.
Esta discrepância no tratamento de duas notícias, uma relativamente a um autor de peças jornalísticas vazias de conteúdo e outra referente a uma personalidade a quem o país muito ficou a dever, revela no mínimo que a imprensa também se prostitui.

sábado, 15 de janeiro de 2011

JOSÉ RÉGIO premonitório

Pelo reconhecimento de alguma similitude com a actualidade, o Pai do Bicho apresenta um soneto que José Régio criou já lá vão mais de 40 anos.
Ei-lo:

Soneto quase inédito

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.


JOSÉ RÉGIO

Soneto escrito em 1969.

A tradição ainda é o que era!!!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

D. MARIA I e A MALDIÇÃO DO SETE

No seguimento da reportagem sobre o passeio realizado no último domingo em Queluz, o Pai do Bicho apresenta hoje uma curiosa estória que complementa algumas explicações narradas durante parte do percurso efectuado na Matinha.
Convido-os a ler...


A HISTÓRIA
D. Maria I nasceu princesa e acabou rainha "possuída pelo demónio". De piedosa a louca foi a sua sina.
Teve uma vida conturbada vivida com o terrível terramoto de 1755, passando pelo atentado a seu pai D. José I e a morte do seu filho primogénito. Horrorizada, assistiu à cruel execução dos Távoras e, aterrorizada, ficou a saber da decapitação na guilhotina dos reis de França.



A ESTÓRIA
Corria o ano de 1777 e ouvidas as 7 badaladas na torre da capela frente aos seus aposentos, naquele dia 7 de Julho, a Rainha foi confessar-se.
7 "Avé-Marias" e 7 "Padre-Nossos" não foram suficientes para lhe quebrantar os "calores" que eram tantos... que passou aquele longo dia na capela.
Chegada a hora das Trindades, mais 7 badaladas... agora já faziam prever o aproximar de tão desejada noite.
Vestida a rigor, com um corpete justo de decote generoso a saltarem-lhes os seios e vestidas as 7 saias do mais fino brocado, não continha a ansiedade.
Mal caiu a noite, sob o Sete-Estrelo, entrou na Matinha pelo portão junto aos jardins do Palácio de Queluz e acompanhada por 7 aias seguiu a íngreme calçada até um outro portão.
Com ela levava 7 laranjinhas doces para oferecer ao seu amante, um dos 7, com quem costuma encontrar-se.
Mal ela adivinhava, o Rei acompanhado de 7 pajens tinha-lhe montado uma emboscada junto ao tal portão, onde foram apanhados em pecado de adultério.
Como castigo, a Rainha foi enviada para o isolamento na Quinta Nova, frente ao Palácio.
Pior sorte teve o seu amante... depois de levar 7 punhaladas foi emparedado, ainda vivo, no muro que foi de imediato erguido para fechar de vez o maldito portão.
Ainda lá está o GRANDE SETE que o Rei escreveu.
Hoje, por vezes, esgueiram-se 7 salamandras e já foram vistas 7 bruxas a rondar o local.
Diz-se que todas as noites 7 de Julho aparece o fantasma da Rainha e se ouve gemer no interior do muro.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O CORONEL VITOR ALVES E O ESPÍRITO DE ABRIL



Após o desaparecimento de Fernando José Salgueiro Maia (1944-1992) e Ernesto Melo Antunes (1933-1999), tivemos ontem a notícia do falecimento de Vítor Manuel Rodrigues Alves (1935-2011).
O país ficou mais pobre.
Vítor Alves foi um distinto "Capitão de Abril" que muito arriscou para que a democracia vigorasse em Portugal, pautando a sua actuação pela descrição, firmeza, elegância e moderação.
Daqui a alguns anos já não haverá sequer sobreviventes que sejam testemunhas vivas daquilo que foi o "dia" 25 de Abril de 1974 e, sempre que morre um "Capitão de Abril", fica-nos aquela inquietação subterrânea de que é o próprio espírito da "Revolução dos Cravos" que está a esmorecer na sociedade portuguesa.
Nos tempos que correm, devido às profundas transformações sociais e económicas que nas últimas décadas vêm fustigando o nosso país, fará sentido interrogarmo-nos onde pára o espírito da "Revolução de Abril"?
A História encarregar-se-á de manter na galeria das personalidades mais ilustres, aqueles capitães que devolveram a liberdade e a dignidade ao povo português.
A melhor homenagem que os portugueses poderão prestar aos homens que "fizeram Abril", passará pela capacidade que demonstrarmos para ultrapassar a actual crise, crescendo economicamente para manter a soberania e promover a justiça social.
Vamos conseguir!

Ver aqui a biografia do Coronel Vítor Alves

domingo, 9 de janeiro de 2011

QUELUZ TAMBÉM TEM HISTÓRIA

O espaço onde outrora existiu uma enorme tapada, encontra-se actualmente preenchido pelo Palácio Nacional de Queluz, um parque urbano, o bairro Conde Almeida Araújo, um quartel, a pousada D. Maria I, o Palacete de Pombal, o Casal dos Afonsos e a Matinha de Queluz. Este rico património constituiu, só por si, motivação suficiente para aí realizarmos o nosso primeiro passeio de 2011.Depois de reunirmos o grupo de 21 elementos aos pés da estátua de D. Maria I,iniciámos o passeio matinal observando o canal dos azulejos no interior dos jardins do Palácio Nacional de Queluz.Prosseguimos pelo parque urbano,cujo excelente estado de conservação merece particular destaque,e a ribeira do Jamor, que o atravessa, constitui um agradável espaço de lazer para uma família de patos.Ao abandonarmos o parque urbano não pudemos deixar de reparar numa velha azenha que aproveitava o curso das águas da ribeira já referida.De seguida entrámos no Bairro Conde Almeida Araújo, também designado por Bairro do Chinelo, já que a maior parte dos residentes eram artífices e um deles tinha uma oficina de chinelos. A construção deste bairro teve como finalidade alojar os empregados da família real.Consta que em 1957, a rainha de Inglaterra veio a Queluz. Salazar queria uma recepção maravilhosa, onde tudo parecesse perfeito. A rainha Isabel seria recebida no largo do Palácio de Queluz. Mas infelizmente para o ditador, em frente do Palácio ficava o Bairro Almeida Araújo. Nesses tempos, este bairro era considerado um ponto negativo da, antigamente considerada, aldeia de Queluz. Por conseguinte, plantaram árvores, construíram muros e outros obstáculos para evitar a visualização do Bairro, por parte da Rainha.À saída do Bairro do Chinelo deparámos com um majestoso chafariz, de extrema utilidade para a população local, na época em que a água canalizada estava longe de se banalizar.Depois de atravessarmos o IC19 através da ponte pedonal,prosseguimos a caminhada na Matinha de Queluz, que possui entre as inúmeras espécies arbóreas espontâneas um povoamento relíquia de sobreiros e outra vegetação natural, sendo entendida, no meio científico, como uma potencial reserva genética.Chegada a hora do habitual e necessário aconchego estomacal,nem sequer faltou o "tinto da Serra da Estrela" gentilmente oferecido pelo João Ramose uma bola bem recheada com bacom, superiormente confeccionada pela Zé Nascimento.De "papinho cheio" continuámos através de caminhos rodeados de densa arborizaçãoe aproveitámos uma clareira, que os raios solares iluminavam na sua plenitude, para darmos as boas vindas aos estreantes Luís, Célia, Paula, Irene II*, Irene III*, Eduardo e Elvira.Depois de ultrapassarmos uma curiosa árvore com troncos múltiplos,aproximámo-nos da saída desta tapada, que constitui um espaço onde nos séculos XVIII e XIX a família real promoveu caçadas e actividades lúdicas e, actualmente, possui elevado potencial para actividades de recreio e lazer, que merece ser fruído pela população.Ainda não tinham batido as 12 badaladas no relógio da torre da pousada D. Maria I, já o grupo dava por concluído um agradável passeio com cerca de 9 kms., em que S. Pedro decidiu colaborar oferecendo uma manhã isenta de chuva e com temperatura amena.O passeio matinal "morreu" no local onde "nascera" - o Palácio Nacional de Queluz. Esta edificação foi mandada construir por D. Pedro de Bragança, irmão de D. José I em 1747, para ser utilizado pela família real como recanto de Verão. Serviu também como um discreto lugar de encarceramento para a rainha Maria I enquanto a sua loucura foi piorando. Após o incêndio que atingiu o Palácio da Ajuda em 1794, o Palácio de Queluz tornou-se a residência oficial do príncipe regente português, o futuro D. João VI, e de sua família. Permaneceu assim até à fuga da família real para o Brasil em 1807, devido à invasão francesa em Portugal. A partir de 1826, o palácio deixou de ser o predilecto pelos soberanos portugueses. Após um grave incêndio em 1934, que destruiu o seu interior, o Palácio foi restaurado e hoje está aberto ao público como um ponto turístico. Uma das alas do Palácio de Queluz, o Pavilhão de Dona Maria, é hoje um quarto de hóspedes exclusivo para Chefes de Estado estrangeiros em visita a Portugal.* - Hoje "debutaram" as Irenes II e III. A Irene I já faz parte do grupo há inúmeros passeios, mas hoje esteve ausente.