quarta-feira, 28 de abril de 2010

A BRUXA DE ARRUDA

No decurso do passeio pedestre que, no passado 25 de Abril, realizámos em Arruda dos Vinhos, muitos dos caminheiros se interrogaram sobre a existência da Bruxa de Arruda, pois muitos de nós ouvimos falar, desde tenra idade, desta personagem.
Depois de uma conversa que o Pai do Bicho manteve com uma arrudense e após uma superficial pesquisa, é possível complementar a reportagem do passeio, satisfazendo assim a curiosidade de muitos.
Arruda é também conhecida pela terra da bruxa. De facto, estas gerações de mulheres da mesma família, ao longo de várias gerações foram passando o seu secreto saber de mães para filhas. Eram denominadas mulheres de virtude e ainda hoje abundam um pouco por todo o país.
A fama da Bruxa de Arruda foi tão grande, que o Diário de Notícias de 29 de Novembro de 1906 lhe dedicou uma reportagem, onde são abordados alguns dos seus tratamentos e descrita uma consulta. Para proceder ao diagnóstico, a bruxa fazia a leitura do azeite para tratar o mau-olhado ou o quebranto. Os tratamentos consistiam essencialmente em orações e receitas com ervas medicinais.
Esta personalidade deu origem a variadas lendas, sendo famosa a cura da filha de um médico de Setúbal que, trazida à bruxa, foi posta num quarto, sem nada para comer para além de sementes de abóbora, e apenas com um alguidar com leite junto dela. Consta que passados dois dias deitou uma cobra pela boca.
A rapariga estaria provavelmente atacada de lombrigas, que podem chegar a ter trinta centímetros de comprimento, podendo ser confundidas com pequenas cobras, e que, molestadas pelas sementes de abóboras, que hoje sabemos que contêm um poderoso vermicida, e procurando comida, lhe terão subido até à garganta atraídas pelo cheiro do leite.
Aquilo que hoje pode ser explicado como um fenómeno perfeitamente natural foi na altura considerado um verdadeiro prodígio de feitiçaria que tornou famosa a Curandeira.
O Pai do Bicho não acredita em bruxas mas,... "Qui las hay, hay"!

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