segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

FIFA 2008 IBÉRICO


O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail e o seu homólogo espanhol Angel Vilar, estiveram hoje reunidos em Lisboa, para prepararem a formalização da candidatura ibérica à organização do Mundial de Futebol de 2018.
Que os espanhóis se candidatem é lá com eles.
Quanto à candidatura portuguesa, seria talvez recomendável que em vez de querermos pintar um quadro colorido duma situação que se apresenta negra, nos preocupássemos em arrumar a casa.
Os espectáculos que se vêm nos estádios nacionais são maioritariamente pobres; a média de espectadores por jogo é baixa; o nível das arbitragens está longe do aceitável; parte substancial dos clubes mantêm sistematicamente salários em atraso, revelando a irresponsabilidade dos seus dirigentes, etc...
Alguns defensores desta candidatura argumentam que esta é uma oportunidade de rentabilizar os estádios construídos na ocasião do Euro 2004. Este conjunto de estádios não se rentabiliza com qualquer competição esporádica, mas com assistências regulares a cada semana.
Convirá lembrar que é exigível que os estádios a utilizar nesta competição tenham capacidade para um mínimo de 42000 espectadores, o que só acontece com três deles - Luz, Dragão e Alvalade.
Dir-se-à que o investimento já está feito. Não é verdade. Para além de reajustamentos que a FIFA exigirá nos estádios existentes, não é líquido que as actuais acessibilidades para os campos desportivos sejam aceites por este organismo. Além disso, a campanha de promoção da candidatura será indubitavelmente dispendiosa.
No caso desta candidatura vencer as restantes, será em Espanha que se realizarão o jogo de abertura e a final do torneio, porque o nosso país não dispõe de estádios que comportem os 80000 assistentes, como é exigido. A participação de Portugal neste evento corre então o risco de ser ofuscada pelo país vizinho.
O "Pai do Bicho" não quer ser derrotista mas tem a convicção que a relação custo/benefício será negativa e o seu efeito será suportado pelos mesmos de sempre - os contribuintes.
Senhores "Madaís" deste país: o vosso projecto apenas serve de justificação para se perpetuarem no poder, ao mesmo tempo que resultará nalguns proveitos para aqueles que negoceiam fornecimentos de bens e serviços e, verdade se diga, mantém o "povão" suficientemente alienado para se alhear dos problemas sociais e económicos que os políticos não resolvem e que afectam as famílias.
É urgente que se faça uma regeneração no futebol e também no país, que só surtirá efeito se a sua abrangência contemplar os seus dirigentes.
"Não se joga futebol com a bola vazia".

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