quarta-feira, 2 de julho de 2008

EDP E A SOPA DOS POBRES



O endividamento das famílias tem preenchido nos últimos tempos páginas dos nossos jornais, aberto sessões informativas nas televisões e tem sido tema de vários debates.
Também a palavra solidariedade é pronunciada com frequência por governantes e elementos da oposição.
Ora bem... Se misturarmos numa panela o problema social acima referido com a tal solidariedade com que os políticos enchem a boca, é bem possível que resulte daí um cozinhado em que o valor das dividas não pagas incorridas pelas famílias sejam regularizadas pelos cidadãos cumpridor
es. Assim seria garantido que todos os credores eliminariam nos seus balanços contabilísticos o crédito mal parado. A esta confecção culinária poderíamos chamar "sopinha solidária".
Tudo isto, embora absurdo carece de originalidade porque esta ideia já foi lançada pela EDP relativamente às dívidas incobráveis dos seus consumidores.
Será que a EDP também precisa de se alimentar com a "sopinha dos pobres"? Se Sidónio Pais ainda fosse vivo permitiria que este gigante da energia se alimentasse na popularmente apelidada "Sopa do Barroso" que ele próprio fundou?
Como diria o "Cónego Remédios": "Oh meus amigos! Não havia nexexidade"!
A EDP não precisa de esmolas para manter os elevadíssimos lucros que anualmente apresenta e não pode ter a pretensão utópica de cobrar todas as dívidas. Em quase todas as actividades económicas existe o fenómeno das dívidas incobráveis, que são no fundo um risco inerente ao negócio e é tão normal que até o Plano Oficial de Contabilidade prevê provisões que lhe dêm cobertura.
Este expediente que a EDP quer pôr em prática está a ser objecto de uma consulta publica que finaliza em 7 de Julho próximo, mas nem todos os cidadãos têm conhecimento da sua existência.
Para que o resultado desta consulta seja impeditivo da EDP usar e abusar injustamente da bolsa dos consumidores cumpridores, é fundamental que participemos no referido inquérito.

Para isso basta copiar o texto abaixo e enviar uma mensagem para o endereço:

consultapublica@erse.pt

Exmos Senhores:
Pelo presente e na qualidade de cidadão e de cliente da EDP, num Estado que se pretende de Direito, venho manifestar e comunicar a Vªs Exªs a minha discordância, oposição e mesmo indignação relativamente à "proposta" - que considero absolutamente ilegal e inconstitucional - de colocar os cidadãos cumpridores e regulares pagadores a terem que suportar também o valor das dívidas para com a EDP por parte dos incumpridores.
Com os melhores cumprimentos,

1 comentário:

Páscoa disse...

Eu esperava, na entrevista que há poucos minutos foi feita a Sócrates, que este assunto fosse abordado.Infelizmente, as questões de fundo não foram devidamente escalpelizadas, pois os jornalistas também estão de mãos atadas e não se atrevem a colocar questões que atrapalhem o 1º. ministro.Dá a impressão, depois de vista a entrevista, que as coisas estão melhores e vão melhorar.Gostava de acreditar nisso, mas são apenas argumentos políticos de que todos já estamos fartos.

Um abraço

Páscoa